A Maratona de Programação é, atualmente, o projeto da FEI com o maior número de alunos participantes. Com treinos diários de até 5 horas, uma equipe de mais de 40 alunos e seleções semanais, os estudantes que participam da Maratona concorrem a bolsas institucionais e têm um desempenho acadêmico acima da média. O Coordenador do Projeto Paulo Sergio Rodrigues e os alunos Matheus Zamberlan e Miller Horvath contam sobre a competição, o dia a dia da equipe e a evolução notada nos alunos.
Que tipo de desafios são propostos na Maratona?
Professor Paulo Sergio – A maratona propõe algoritmos em que o aluno começa resolvendo problemas simples e vai gradualmente enfrentando outros mais complexos. O objetivo, em termos mundiais, é resolver problemas que ninguém resolveu. São esses algoritmos que estão por trás das principais aplicações que são usadas no dia a dia, desde a conexão de celulares, criptografia e segurança, envio de e-mails e estruturação de rotas, seja aérea, marítima ou em cidades. Não exagero quando digo que, em última instância, são problemas que interessam à humanidade.
Como é a avaliação da Maratona de Programação?
Matheus – Na competição são apresentados de dez a onze problemas e temos cinco horas para resolver. Você lê, pensa em uma solução e implementa ela no computador. O sistema é automático e confirma se sua resposta está certa ou errada, a cada erro você tem uma penalidade de tempo. Quem resolver os problemas em menor tempo, vence.
Como é escolhido o time da Maratona?

Os alunos Matheus Zamberlan (à direita) e Miller Horvath (à esquerda) foram campeões regionais da Maratona de Programação 2014 sob orientação do Professor Paulo Sergio.
Profº PS – São feitas seletivas semanalmente, quem vai bem e tem boas notas no curso é escolhido. A FEI manda todos os anos de 3 a 5 equipes para a Regional de Santos, a qual vencemos várias vezes. Quem ganha a regional vai para a Nacional junto com as melhores equipes do Brasil. As quatro melhores equipes vão para o Mundial. Somos o único curso noturno de Ciência da Computação e particular a ser selecionado para a Final Brasileira. Em 10 anos, fomos 4 vezes.
Apenas alunos do curso de ciência da computação estão aptos para participar do projeto?
Profº PS – Qualquer aluno da FEI pode participar. No momento, a divulgação é somente no curso de Ciência da Computação porque temos mais de 40 alunos envolvidos, mas qualquer aluno que goste de programar pode participar. Queremos bons alunos, independente do que eles cursam.
Desde quando a FEI participa da maratona?
Profº PS – Participamos da Maratona desde 2005 e fomos campeões na Regional de Santos em 2008, 2009, 2011 e 2014.
Matheus – Entre 2013 e 2014 nos preparamos bastante para disputar o Campeonato Regional, em setembro, e conseguimos ganhar. Disputamos a final do nacional e foi uma experiência incrível.
A equipe se prepara para a competição?
Matheus – Nós nos dedicamos todas as tardes, de segunda a sexta-feira e para isso recebemos a Bolsa do Projeto. Hoje a FEI disponibiliza, em média, 15 bolsas para o projeto, além dos recursos e laboratórios. Eu comecei a frequentar a Maratona a partir da minha segunda semana de aula, ainda no primeiro semestre, então quando entrei para a equipe não sabia nada, mas vi que aqui eu aprendia coisas diferentes do curso regular e já vai fazer 3 anos que faço parte do projeto. Todo mundo é capaz de participar e se preparar para a Maratona, então tudo o que você precisa é vontade.
Os alunos que participam da Maratona são mais valorizados no mercado de trabalho?
Profº PS – Demais. Quanto mais longe for, mais possibilidade no mercado de trabalho eles têm. Um fenômeno ocorre também: os alunos que participam da Maratona, mesmo aqueles que não formam equipe e disputam campeonatos, possuem um aumento nas suas notas dentro de sala de aula bem acima da média.
Miller – Sem dúvida o projeto ajuda no desempenho no curso, dentro da sala de aula. Primeiro porque passamos muito tempo na faculdade, então temos mais tempo de estudar. Segundo, e estou falando especificamente das matérias de programação, tem muita coisa que vemos aqui na Maratona antes de vermos na disciplina, então você já tem essa facilidade com a matéria.
Matheus – Eu particularmente tento incentivar os novos alunos e compartilhar com eles a minha experiência nas competições e tudo que aprendi ao longo desses anos. Acho importante vir aqui todas as tardes e estudar bastante, pois isso vai agregar muito na sua vida acadêmica e também na profissional. Eu não sei dizer se caso eu não tivesse participado da maratona, eu teria conseguido a bolsa do Ciência sem Fronteiras. Saber que a Maratona me ajudou dessa forma é muito gratificante.

Os alunos Matheus Zamberlan (à esquerda) e Miller Horvath (à direita) foram contemplados com a bolsa de estudos do Programa Ciência sem Fronteiras.
Que tipo de experiência a Maratona agrega ao aluno que participa?
Profº PS – A maratona muda os horizontes dos alunos que passam a trabalhar em equipe, se desafiar e sonhar alto. São alunos comprometidos com a qualidade profissional. É, na verdade, um grande grupo de estudo, onde o objetivo de todos é aprender o máximo possível até se formar.
Miller – Acho que participar da Maratona te muda muito, principalmente em relação ao seu comprometimento e responsabilidade com o projeto. Você tem que aprender a organizar seu tempo o melhor possível para conseguir se dedicar à maratona, ao curso e ainda fazer outras coisas do seu dia a dia. Acho que resumindo é isso: organização, responsabilidade e comprometimento.
Matheus – O que fazemos aqui é um grande grupo de estudos, então estamos aqui todos os dias aprendendo, uns sabem mais, uns menos, mas o que importa é que todos estão trabalhando juntos. O importante é entender que o que aprendemos aqui não se perde, não só a teoria mas a prática do trabalho em equipe são lições que vamos levar para a nossa vida pessoal e profissional.
A Maratona já tem data prevista para 2015?

Professor Paulo Sergio coordena mais de 40 alunos durante os treinos para a Maratona de Programação.
Profº PS – Ainda não, mas só paramos quando os portões da FEI fecham. Desde o dia 05 de janeiro temos trabalhado e este ano vamos até o último dia possível de dezembro. É o maior projeto da FEI em número de alunos participantes e o de maior impacto na sala de aula. A FEI tem, cada vez mais, apoiado firmemente esse projeto e é muito prazeroso ser o coordenador dele.
O senhor dedica muito tempo para o projeto. O que o motiva?
Profº PS – Hoje eu estou preocupado com a próxima geração de professores e eu espero que eles estejam aqui, então a minha motivação em dedicar tantas horas do meu tempo é visando a qualidade dos profissionais do futuro. A FEI sugere e nós abraçamos o projeto, eles dão o apoio para o que precisarmos e é assim que funciona com o BAJA, com o futebol de robôs. A preocupação é como criar um ambiente em que eles possam aprender programação no mais alto nível possível e formar profissionais e líderes de alto nível. Ganha é só uma parte e nós não medimos esforços. Eu faço o que for necessário para que isso seja um sucesso. É tudo paixão.

O Professor Paulo Sergio com a atual Equipe Maratona de Programação que se prepara diariamente para a competição.